sábado, 12 de março de 2016

"Fricote" e o politicamente correto.

Capa do disco "Magia", onde consta a
música "Fricote".
No meu último artigo mencionei a música "Fricote", de Luiz Caldas, sendo regravada pelo porto-riquenho Chayanne, intitulando-a "Violeta". Imaginei como seria a repercussão do brasileiro atual se essa música fosse tocada em algum lugar.

Não precisei ir tão longe: uma breve pesquisa na Web e já fiquei sabendo de uma ocorrência do ano passado sobre uma festa de Black Music terminando em confusão por causa da música mencionada. O motivo? Racismo e machismo, como sempre!

Vejam só a que ponto chegamos! Uma música de origem BAIANA, feita por um cantor BAIANO e NEGRO de Feira de Santana, uma música que fez sucesso desde 1985; e TRINTA ANOS depois o povo vem reclamar de racismo partindo de um negro? Oxente, será possível?

Whitney Houston quando não existia
pente ou chapinha.
E outra, uma festa destinada ao público negro tendo chiliques assim? De acordo com o DJ, ele nem chegou a tocar a música inteira. Os primeiros versos "Nega do cabelo duro\ Que não gosta de pentear" foram o bastante para os frescos se revoltarem e ficarem de mimimi. Ora, depois são os mesmos chorões que ficam postando no Facebook imagens de mulheres com aquela colmeia de Whitney Houston dizendo "orgulho dos meus 'cachos'", "diga não à ditadura da chapinha"!

Na reportagem, o DJ tentou acalmar os ânimos dos ofendidos, mas uma moça replicou que ele não tinha autoridade para definir o que é racismo ou não por ele ser branco. Isso, muito bom, é disso que o Brasil precisa, que sejamos igual Alabama e Mississípi dos anos 60.

Segue o comentário do produtor de festas: "Eu, como negro, não me sinto nem um pouco ofendido. Se a música fosse do Bolsonaro, sim. Mas, Luiz Caldas não é racista. É preciso analisar o contexto social em que essas obras foram feitas”, disse. “Nunca imaginei que o século 21 pudesse ser tão careta”. Desculpe cara, mas você está certo, menos na parte do Bolsonaro. Um branco falar "nega do cabelo duro" não pode, mas você pode? Só é racismo quando parte de um lado? Onde está a igualdade que vocês pregam?

Ao menos no final ele acertou: o século 21 está insuportável no quesito politicamente correto. Agora tudo é racismo, tudo é machismo, tudo é homofobia, tudo é certo e ao mesmo tempo tudo é errado! As pessoas estão com a estima no abismo, a ponto de se ofenderem com uma simples música. Quer dizer que o todo o Brasil estava errado desde 1985 e só os "iluminados" de hoje estão certos? E essa de branco não poder opinar sobre os problemas dos negros, de onde tiraram esse absurdo? Quem vai definir o que é racismo, esses frescos cheios de não-me-toque? Socorro! Como se combate um preconceito com outro preconceito? Daqui a pouco teremos no país a Ku-Klux-Klan Negra!

É por isso que eu defino esse povo na onda do "Movimento Negro" ou "Orgulho de ser negro" como um bando de frustrados e vitimistas que não tem orgulho de nada, e sim complexo de inferioridade, e querem chamar a atenção através da polêmica, enxergando racismo onde não existe, até entre eles mesmos.
Whitney foi mais feliz com seu cabelo do que
essas reclamonas que veem racismo em tudo.

Fontes: Globo "Música de Luiz Caldas gera discussão em festa"
Veja também:
"Deputada Estadual da Bahia (PT) quer censurar a música Fricote de Luiz Caldas".

domingo, 6 de março de 2016

Chayanne e suas regravações.



Em algum lugar do passado você deve ter ouvido falar de Chayanne, um porto-riquenho que é cantor, ator e bailarino. Não? Então você vai saber ou relembrar agora.

Elmer Figueroa Arce, mais conhecido por seu nome artístico, é mais um de Porto Rico a se radicar no México para iniciar-se na carreira musical. Começou ainda criança no grupo "Los Chicos", no final dos anos 70, mas em 1983, ele decidiu sair. A banda se desintegrou em 1985 (lembrem-se que nos anos 80 quem mandava era Thalía & Timbiriche).

Ainda assim, em 1984, num México dominado por Thalía e Luis Miguel, eis que Chayanne surge com a cara e a coragem lançando seu primeiro disco, "Mi Nombre Es Chayanne". Será que o público abriria espaço para mais um? A história nos mostra que sim, com o single "Y Que Culpa Tengo Yo?" sendo #1 no México, na América Central e nos Estados Unidos.

Encorajado pelo sucesso, o cantor lança em 1986 seu segundo disco, "Sangre Latina". Não teve o mesmo estrondoso êxito do primeiro disco, mas algo chamou a atenção dos fãs: no vídeo de "Una Foto Para Dos", Chayanne elabora uma inédita coreografia. Parecia que o rapaz não tinha ossos nas pernas e quadris, hehehe.

Em 1987, sai à vendas o terceiro disco, "Chayanne". Em vários videoclipes Chayanne exibe sua arte da dança mais elaborada, fazendo a crítica compará-lo com Michael Jackson (Curioso que no mesmo ano de 1987 Michael Jackson lançou o disco "Bad" também cheio das dancinhas).

O sucesso de Chayanne com seu terceiro álbum atingiu a América do Sul, tendo o single "Fiesta en América" sendo #1, chegando ao ponto do cantor relançar seu disco em português. E é aqui que chego com o título do meu artigo. Com a chegada do disco em terras brasileiras, o povo daqui descobriu que as músicas "Violeta" e "Peligro de Amor" eram regravações! "Violeta" é a versão espanhola de "Fricote", de Luís Caldas; "Peligro de Amor" é a versão de "Amanhã Talvez", da Joanna.

Em 1988, com o quarto disco, mais duas regravações brasileiras. Uma versão que fez bastante sucesso foi a balada "Fantasias", sendo originalmente do cantor José Augusto. "Tengo Esperança" é uma versão de "Gritos de Guerra", do Chiclete com Banana (que é isso, Chayanne?) Ao menos o disco fez sucesso o suficiente para a Pepsi convidar o cantor para gravar um comercial, e o videoclipe da música "Ese Ritmo Se Baila Así" ganhou o prêmio MTV Music Video Award.

Pois bem, parece que o Brasil quis se vingar de Chayanne e resolveu fazer o mesmo. Em 1990, o cantor lançou seu quinto disco, "Tiempo de Vals". Eu já deveria saber de qual música se tratava, mas fui obtuso nessa hora. No entanto, tive total certeza quando vi a música "Completamente Enamorados". Pensei: "Só falta ser aquela música que ouvia em José de Anchieta", e BINGO!

Agora não era Chayanne quem catava regravava músicas brasileiras, era Marcelo Augusto quem copiava regravava músicas do porto-riquenho. "Completamente Apaixonados" é dele, e a outra música, "Em Tempo de Valsa", idem! Quem não se lembra do trecho "Em tempo de valsa eu te beijo\ Um, dois, três, um, dois, três"?

O único porém é que diferente de Marcelo Augusto, que interrompeu sua carreira de cantor (se enfiou no programa 'A turma do Didi' de 2002 até 2012), Chayanne continua até hoje lançando discos, fazendo turnês mundiais e nas horas vagas atuando como ator, não apenas nas telenovelas mexicanas, mas também em filmes americanos, como "No Ritmo da Dança".

He, he, interessante saber como o Brasil e o México por décadas têm essa relação de trocas voluntárias! Portanto, antes de tacarem pedras em Luis Caldas e cia, lembrem-se de que foi Chayanne quem começou.

Clique nos vídeos abaixo e veja se tais músicas não te lembra outras:

"Violeta", regravação de "Fricote".

A revanche: "Completamente Enamorados", regravado mais tarde por Marcelo Augusto.